quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Projeto “Orientação Sexual: uma necessidade”

Título: Orientação Sexual: uma necessidade

COORDENADOR(A):Gilma Benjoíno

OBJETIVOS

Geral:

  • Analisar a relação entre sexualidade humana e processo educativo;
  • Construir uma nova concepção de sexualidade, enfocando o corpo e sua saúde (física, mental e espiritual, etc.) como um todo integrado.

Específicos:

  • Dimensionar a importância de cada fase do desenvolvimento psicossexual do individuo como determinante de uma vida saudável e prazerosa;
  • Resgatar a história do desenvolvimento da pessoa desde o nascimento identificando transformações, sentimentos, lembranças e percepções;
  • Reconhecer a importância do respeito à diversidade de valores, de crenças e da liberdade de opção do outro;
  • (Re)Conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para usufruir a sexualidade;
  • Discutir as relações interpessoais dimensionando a importância destas para o exercício saudável da sexualidade;
  • Discriminar os diferentes papéis sexuais exigidos em nosso contexto sócio-cultural;
  • Promover meios para que o indivíduo busque seu prazer pessoal respeitando a liberdade, limite e integridade do outro, tendo como conseqüência natural a luta contra preconceitos e prevenção das DST's e da gravidez precoce.


 

12. JUSTIFICATIVA

Mudar os paradigmas é a parte mais desafiante do drama humano, segundo Joel Barker. São poucos aqueles que, em sua área de atuação, são capazes de mudar a maneira de ver, entender e agir. Entretanto as mudanças para saírem do conceito inicial e se tornarem realidade prática passam por um longo processo de o indivíduo se permitir abraçar uma idéia e experienciar novas práticas, ou seja, "navegar por mares nunca dantes navegados".

Neste contexto, reconhecendo a importância da escola, esta não pode ignorar, ocultar ou reprimir a sexualidade de seus alunos, sob o argumento de que este assunto é responsabilidade da família, pois a orientação sexual se faz necessária não só nos limites da família, mas também em todos os espaços que participam da formação das pessoas. Ela deve fazer parte do nosso dia-a-dia. Grande parte das pessoas foi educada numa cultura repressiva, onde os preconceitos e resistências estão presentes sempre, e atuantes principalmente nos momentos de transição. Vivemos numa fase crítica de necessidade de revisão de conceitos, na sociedade como um todo, uma delas é o conceito de sexualidade, estereotipado; ele se tornou sinônimo de culto ao corpo e consumismo. Tratar da sexualidade humana, não se restringe ao corpo físico e suas sensações, é falar sobre curiosidades, ansiedades, fantasias, medos, bloqueios e explicações errôneas acerca de sua vida como um todo, pois, segundo Jorge Andréa (pag. 15, 1980) "Não mais se compreenderá o sexo estudado apenas em suas manifestações periféricas, na organização física, mas também, em profundidade na busca de suas fontes criativas."

È um imperativo do nosso tempo que a educação não veja o homem como sendo feito de compartimentos isolados e independentes. Ele é um ser multideterminado em suas dimensões física, social, psicológica e espiritual; elas estão imbricadas entre si, e são totalmente inseparáveis. A mudança de vida, para melhor, de uma sociedade, só será possível via educação, numa visão holística.

Nesta perspectiva, a escola tem a sua parcela de responsabilidade "Sendo a sexualidade algo que se constrói e aprende, parte integrante do desenvolvimento da personalidade, capaz de interferir da alfabetização ao desempenho escolar, a escola não pode ignorar esta dimensão do ser humano e tem que investir na formação de professores para dar conta da tarefa."(Guia GTPOS, pág. 07 e 08).

A educação que recebemos foi toda ela cheia de tabus, mitos, crendices e preconceitos, além de informações distorcidas ou ausentes. Assim, para que possamos viabilizar uma orientação sexual saudável para nossos alunos, precisamos antes rever nossos conceitos e refletir nossos posicionamentos, sem a máscara do falso moralismo, sem padronizar comportamento.

É imprescindível vestir a camisa do diálogo franco, fundamentado em fontes idôneas de informações e, sobretudo assentado na afetividade, com a segurança de quem acredita no principio do prazer a que todos têm direito, como bem retrata o poeta Caetano Veloso... "nascemos para ser felizes".

Ao refletir sobre essas considerações faz-se necessário questionar: o educador está preparado para tal empreendimento? Em meio a tantas tarefas, entretanto, a função social deste é ser agente de transformação, cabendo ao mesmo, auxiliar na organização dos desejos e necessidades da população com a qual trabalha, até porque ele se constitui numa referência para a comunidade em que está inserido.

É necessário insistir que a sexualidade, apesar de ser um aspecto subjetivo do ser humano, se estrutura e se expressa através das interações com o outro, de modo que a educação para a sexualidade não só possibilita o desenvolvimento pessoal, mas também o coletivo.

Com base nestes pressupostos e considerando a educação como uma chave que abre a possibilidade de se transformar o sujeito anônimo, naquele que sabe que pode escolher, que é sujeito participante de sua reflexão, assumindo a responsabilidade dos seus atos e das mudanças que fizer acontecer é que a presente proposta destina-se a professores da rede estadual e municipal de ensino e alunos do Curso de Letras da cidade de Brumado, tanto pela carência de (in)formação nesta área quanto pelo fato de os alunos deste nível de atuação serem adolescentes que não tem acesso a uma alternativa de orientação e atendimento integral à saúde, sexualidade e educação.


 

13. METODOLOGIA

Partindo dos pressupostos de que todas as pessoas têm as mesmas possibilidades de aprender, de que é preciso respeitar a vivência e história de vida de cada um, e de que toda construção do conhecimento implica em inquietações que originam a busca, é que se pretende a realização desta proposta, com uma metodologia que permita ao participante reelaborar seus próprios conceitos a respeito da sexualidade, encontrar respostas para suas próprias dúvidas, questionamentos e angústias, a partir de um debate aberto e democrático, assim como acordar os sentidos, despertar a emoção, descobrir o melhor canal para expressá-la de modo a chegar até o outro sem assustá-lo ou feri-lo numa interação.

Segundo Vitiello, a metodologia a ser utilizada para este tipo trabalho deve ter as seguintes características:


Dialógica – deve haver comunicação entre todos os participantes, tendo todos iguais direitos de serem ouvidos e de terem suas dúvidas discutidas. Todos os temas deverão ser discutidos com ampla participação;


Baseada na realidade Sócio-Cultural – as situações devem ser apresentadas e analisadas dentro de um contexto sócio-cultural, em que se valoriza o quotidiano dos participantes;


Desenvolvida com Criatividade – não devem existir fórmulas prontas, mas sim um roteiro genérico, onde irão se inserindo, com criatividade, soluções para situações emergentes das discussões.

Intimista – todos os participantes devem ter suas vivências pessoais compartilhadas sem censura e sem julgamento. Antes, porém, os limites devem ser explicados.


Lúdica – é importante que se acentue o lado lúdico da educação.

A abordagem dos núcleos temáticos propostos acontecerá através do desenvolvimento de diversas atividades que oportunizem:

- Depoimentos dos participantes sobre as suas vivências pessoais e profissionais;

- Análise dessas vivências, buscando os determinantes históricos, psicológicos e sócio-culturais no processo educativo;

- Aplicação do princípio do construtivismo em situações concretas, particularmente no processo ensino-aprendizagem;

Após a abordagem dos núcleos temáticos, uma síntese integradora se fará necessária.

Quanto aos procedimentos, foram selecionados os seguintes:

  • Inscrição dos participantes;
  • Abordagem geral do curso;
  • Apresentação individual, através de dinâmica de grupo, que possibilitem sensibilização e entrosamento dos participantes;
  • Discussão coletiva visando, sobretudo o auto-conhecimento, a partir de depoimentos e leituras;
  • Vivência de situações que propiciem revisão de conceito e atitudes;
  • Realização de atividades individuais e/ou grupais que favoreçam a formulação de questões, discussões e construção de conceitos;
  • Leitura da bibliografia referente a cada núcleo temático;
  • Exposições participadas com vistas a dirimir dúvidas, síntese e integração temática.

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